Na última terça-feira, 29 de julho, foi realizada a Assembleia Ordinária do ELO Ligação e Organização, na sede da instituição, em Salvador (BA). O encontro reuniu 12 pessoas entre associadas, diretoria e equipe técnica, em um momento de escuta, partilha e análise da conjuntura atual.
A abertura foi conduzida por Camila Veiga, coordenadora executiva do ELO, que deu as boas-vindas e propôs uma roda de diálogo sobre os desafios enfrentados pelas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) no contexto político atual, especialmente no campo da mobilização e da captação de recursos. Em seguida, Rebeca Ribas, em nome da diretoria, também acolheu o grupo e trouxe uma fala sobre o histórico da sociedade civil no Brasil, reforçando a trajetória do ELO nesse campo e estimulando reflexões sobre a sustentabilidade política e institucional do setor.
Durante o encontro, foram levantadas importantes provocações sobre o papel das OSCs diante das ameaças à democracia, o atual cenário de financiamento de recursos internacionais e a necessidade de uma atuação mais incisiva e estratégica por parte das organizações. Camila e Rebeca destacaram ainda a importância de fortalecer a agenda feminista no ELO, considerando que, pela primeira vez em sua história, a organização conta com uma diretoria e uma equipe composta exclusivamente por mulheres.
Elza Montal, assessora de comunicação, falou sobre a necessidade de construir lutas mais inclusivas e plurais, partindo do reconhecimento de que “não somos todos iguais” e que essa diversidade deve ser valorizada nos processos de mobilização. Eliana Rolemberg, também consultora associada, lembrou a importância simbólica e política do julgamento da tentativa do golpe de estado e ações do 8 de janeiro de 2023, como um marco na luta histórica de quem viveu os tempos terríveis da ditadura militar no Brasil entre as décadas de 60 e 80. Gabriel Kraychet reforçou o valor do julgamento recente como um passo importante na reparação histórica.
Elen Catarina Santos Lopes destacou a necessidade de manter a mobilização nas ruas, compartilhando experiências recentes de participação em manifestações populares, como a greve de professoras/professores da rede municipal de ensino de Salvador. Já José Maurício Bittencourt trouxe reflexões sobre a efetividade da participação social atual e provocou o grupo a pensar sobre as conquistas que realmente queremos para o futuro das OSCs, com atenção especial às pequenas organizações e seus desafios de formação e estrutura.
No segundo momento da assembleia, Camila Veiga apresentou um panorama das ações desenvolvidas pelo ELO em 2024 e as perspectivas para 2025 e 2026. Temas como direitos humanos, comunicação, e democracia foram destacados como prioridades estratégicas para os próximos anos. Candice Araújo, assessora da organização, falou sobre o novo projeto da Plataforma MROSC e da atuação nos CONFOCOS como ganho político nas discussões e avanços para melhorar o ambiente regulatório nas parcerias entre OSC e o poder público. Ambas trouxeram o desafio para os novos projetos aprovados pelos editais de PPM e União Européia em consonância com o contexto atual.
Em 2026 o ELO completará 30 anos de existência e Camila trouxe uma série de ações e articulações que estão sendo pensadas para essa comemoração.
Na sequência, Elen Catarina fez a leitura do parecer do Conselho Fiscal, que aprovou as contas da organização, que também gerou um rico debate sobre sustentabilidade institucional e planejamento financeiro.
O encontro foi encerrado com uma emocionante homenagem a Omar Rocha, fundador do ELO e uma figura central na luta pelos direitos humanos no Brasil. Em clima de emoção, Camila Veiga fixou uma placa em homenagem a Omar, celebrando seu legado e sua forma amorosa e firme de conduzir processos coletivos. As lembranças partilhadas trouxeram à tona o compromisso ético e político que ele cultivava e que inspira o ELO até os dias de hoje.
A assembleia foi concluída com um momento de confraternização, saudade e renovação do compromisso e missão institucional de fortalecer grupos e organizações da sociedade civil que atuam na promoção e defesa de direitos humanos no Brasil.













