Os resultados da pesquisa mostram que praticamente todas as organizações foram afetadas, e entre as 34 OSC que participaram, 44,1% afirmou que a pandemia teve um impacto muito alto na vida institucional, e o mesmo percentual apontou que o impacto foi alto. Em contrapartida, apenas 77,8% constatou que o impacto foi médio.
O 90% das entrevistadas relatou como a mudança forçada do presencial ao virtual e a sobrecarga de trabalho foram uns dos aspectos que mais afetou a dinâmica das OSC. Neste sentido, houve uma desagregação, isolamento e redução da organicidade em algumas entidades, pois o distanciamento entre equipes dificultou a tomada de decisões. Por outro lado, este novo formato “à distância”, propiciou a participação de pessoas que não teriam participado presencialmente por causa de localização geográfica e/ou dificuldade financeira.
Similarmente, a área de gestão de projetos também foi afetada estruturalmente, pois os processos de planejamento, monitoramento e avaliação, assim como as atividades programáticas, os resultados e a própria realização do projeto sofreram mudanças e re-planejamentos, criando às vezes, uma grande carga de trabalho não previsto. Além disso, a mobilização de recursos por parte das OSC sofreu bastante sob a pandemia: foram necessários diálogos para renegociar prazos e novos ajustes na execução financeira; houve uma diminuição na captação de recursos por ações de médio e longo prazo, e também no número de editais públicos.
Tecnologias e inovações
Apesar de evidências que apontam para um cenário desafiador para as OSC, o estudo ressalta que a pandemia foi também um momento de oportunidade e inovação para o futuro. Foram construídos novos acordos, procedimentos e vínculos de confiança, os quais fortaleceram os processos institucionais e de governança, já que a virtualidade engajou as diretorias em ações para além das reuniões periódicas. Houve um aprimoramento do sistema de monitoramento e avaliação de projetos a partir das demandas e aprendizagens geradas pela pandemia, numa busca por sincronizar o plano estratégico, projetos e disponibilidade de recursos.
No trabalho social as mudanças e inovações foram mais acentuadas, apesar de ser mais desafiador para aquelas organizações que atuam com públicos em situação de vulnerabilidade. Neste sentido, mudou a metodologia do trabalho das OSC que atuam com grupos sociais populares, principalmente por razões relacionadas à ausência/dificuldade de acesso às tecnologias e/ou internet, ferramentas essenciais para viabilizar o cotidiano durante o período pandêmico.
A incidência política foi potencializada, já que a virtualidade permitiu a articulação e atuação em redes com coletivos de diferentes áreas geográficas e de atuação. Outro aspecto que saiu fortalecido foi a comunicação institucional, pois representou um instrumento de ação social na sensibilização, articulação, formação e incidência política. A mobilização de recursos com foco no emergencial e humanitário, após sofrer incertezas, conseguiu encontrar novas possibilidades, nesta área e em outras conexões.
O estudo aponta que houve avanços importantes na gestão de pessoas e do clima interno com atenção às condições individuais e anseios profissionais, assim como atenção e cuidado com a revisão coletiva de diretrizes que se tornaram vitais para a segurança e a saúde individual, coletiva e institucional. Por fim, a pesquisa mostra como ao longo do período pandêmico houve um aprimoramento nas condições de trabalho em home office, adequando pouco a pouco as dinâmicas de trabalho no formato híbrido.
Saiba Mais
O estudo “As OSC na Pandemia: Aprendizados e Inovações – Impactos, aprendizados, e boas práticas das OSCs parceiras de PPM a partir da pandemia Covid-19” foi realizado com a consultoria de Domingos Armani e Moema Hofstaetter, e contou com o apoio de Pão Para o Mundo (PPM) e o ELO Ligação e Organização.
Leia o relatório na íntegra neste link.
Lei os pontos principais do relatório neste link
Por Angelica Tomassini, assessora de comunicação do ELO
