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Gestão de Pessoas nas OSCs abre nova edição do Espaço de Aprendizagem do ELO com reflexões potentes sobre vínculos, cuidados e desafios estruturais.

O ELO Ligação e Organização iniciou, nesta terça-feira (7/10), a primeira edição de 2025 do Espaço de Aprendizagem, reunindo 25 representantes de organizações apoiadas por Pão para o Mundo (PPM) em um ambiente de trocas, escuta e reflexão coletiva.

Com o tema “Gestão de Pessoas nas OSCs – Desafios e Boas Práticas”, o encontro que já é uma marca da metodologia de formação desenvolvida pelo ELO, teve como base o compartilhamento de saberes, e a sistematização das experiências vividas no campo das organizações da sociedade civil.

A coordenadora executiva do ELO, Camila Veiga, abriu o encontro destacando a importância do tema: “Falar sobre gestão de pessoas é falar sobre cuidar de quem cuida. É pensar na sustentabilidade das equipes, das relações e, por consequência, das próprias organizações.”

A formação, conduzida pelas consultoras do ELO, Márcia Campos e Maíra Barbosa, iniciou com uma rodada de apresentações e expectativas, seguida de duas enquetes que provocaram os grupos a refletir sobre as formas de contratação nas OSCs, desde equipes administrativas, programáticas e de apoio, e sobre os riscos e implicações da pejotização, especialmente.

Márcia abordou aspectos fundamentais como insegurança laboral, saúde mental, passivos trabalhistas e fragilidade dos vínculos de confiança, além de contextualizar os desafios estruturais que levam muitas OSCs à adoção de vínculos temporários. “A pejotização, muitas vezes, não é uma escolha, mas uma consequência da falta de recursos e de um ambiente de financiamento que não reconhece a complexidade das relações de trabalho no terceiro setor”, pontuou.

Em seguida, as participantes foram divididas em grupos para discutir os fatores que levam à pejotização e as possíveis saídas para enfrentar essa realidade, resultando em um debate intenso e propositivo nos grupos. As reflexões coletivas trouxeram à tona temas como colonização, aumento da burocracia, desigualdade de forças entre financiadores e organizações, e a urgência de coletivizar uma luta que hoje recai de forma isolada sobre cada instituição.

O debate também evidenciou o quanto essa pauta é pertinente ao momento em que as OSCs brasileiras atuam, onde há múltiplas demandas e pouca disponibilidade para o planejamento de médio e longo prazo. As falas ressaltaram que não é possível seguir atuando sem planejar o futuro, pois a ausência de políticas internas claras,  especialmente sobre gestão de custos, rateio de despesas e sustentabilidade financeira, acaba gerando novos problemas.

Como destacou uma das participantes: “Essas são reflexões densas, mas necessárias. Que esse grupo possa seguir mobilizando esse debate em seus territórios, transformando a gestão em um campo de ação política e de fortalecimento mútuo.”

O Espaço de Aprendizagem reafirma-se, assim, como um instrumento de formação, mobilização e incidência política, onde o conhecimento se faz coletivo e a gestão se entende como uma dimensão essencial do cuidado, da resistência e da democracia no cotidiano das organizações da sociedade civil.

 

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